quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

William Shakespeare para sempre em cena

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Um pouco por todo o mundo está-se a comemorar ao longo deste ano de 2016, os 400 anos da morte do sublime dramaturgo e poeta inglês, de seu nobre nome, William Shakespeare. Para muitos entendedores da arte teatral, é considerado o maior dramaturgo de todos os tempos. Nasceu, provavelmente, a 23 de abril de 1564 em Stratford-upon-Avon e morreu, também, a 23 de abril de 1616 na mesma cidade. Após quatro centenas de anos da sua morte, a sua obra teatral continua a ser uma presença solicitada e obrigatória nos palcos em todo o mundo.
Shakespeare, foi, sem margens para dúvidas, um dramaturgo polifacetado que escreveu excelentes peças em vários géneros teatrais, entre comédias como: O Mercador de Veneza, Sonho de uma Noite de Verão, A Comédia dos Erros, Muito Barulho por Coisa Nenhuma, Noite de Reis, Medida por Medida, etc. Nas tragédias deixou-nos textos como: Romeu e Julieta, Júlio César, Otelo, Macbeth, António e Cleópatra, Coriolano, Rei Lear, e Hamlet, entre outros. E ainda dramas, tais como: Henrique IV, Ricardo III, Henrique VIII.
Os textos de Shakespeare são marcas de cultura que têm atravessado gerações e sobrevivido no palco – teatralmente falando – porque são histórias que apaixona-nos com a sua bela arte dramática. Com passagens, versos ou frases que ficaram na memória das pessoas. Quem não conhece a sua famosa frase “ser ou não ser, eis a questão” que faz parte da peça “Hamlet”. Esta é realmente uma das frases marcantes, profundas e até conhecidas da literatura dramática mundial. E quem já não leu, ouviu ou viu a tragédia Romeu e Julieta. Nomes que marcam a mais intemporal das histórias de amor. Por falar nesta obra é curioso pensar-se que “se Romeu e Julieta não tivessem morrido, a civilização ocidental não seria a mesma, garantem críticos literários e estudiosos da obra de William Shakespeare.” Fonte: http://super.abril.com.br/cultura/e-se-romeu-e-julieta-nao-tivessem-morrido).
A obra de William Shakespeare é tão rica e popular porque centra-se em situações presentes no meio da Humanidade e daí fazerem parte do reportório teatral das grandes companhias da arte dramática por esse mundo fora. Uma obra literária tão vasta com cerca de 40 peças e mais de 150 sonetos,  deixados por este mestre do teatro, que daria, certamente, para trabalhar teatralmente neste caso, durante anos e anos. Temas como o amor, vingança, o ódio, a morte, a traição, o ciúme, o poder, entre outras questões sociais e temas políticos são constantes nas obras Shakespearianas. É uma obra tão inspiradora que, de forma constante, tantos criadores por esse mundo fora, pegam nos seus textos através do teatro, da dança, do cinema, da música, da ópera, das artes plásticas e criam diversas performances artísticas.
As peças de William Shakespeare produzem uma teatralidade tão forte em cena, que leva a que estes textos sejam constantemente traduzidos e encenados em todo mundo, mesmo quatro séculos depois da morte do seu autor.
As obras Shakespearianas também têm sido reescritas e por vezes alvo de arranjos dramatúrgicos, mais ou menos livres, o que para muitos conservadores é uma calúnia. Quando se fala em clássicos da dramaturgia, parece que há um medo de adaptar – sem desvirtuar – os textos. Há os que se mantêm fieis à íntegra do texto, não cortando uma única palavra e, há outros – nos que me revejo – que preferem cortar algumas palavras, ou passagens de forma a adequar o texto ao grupo em questão e ao público-alvo. Obviamente, que os cortes não poderão ser feitos à bruta. No entanto, há que ter em conta que os textos originais foram escritos para uma determinada época que deve ser respeitada, mas também têm que ser percetíveis nos tempos atuais. É um assunto polémico, bem sei. E há que ter o maior respeito pelas obras que não são nossas. Por vezes, os textos são distorcidos e simplificados até dizerem o que a obra original não diz. A verdade, porém, é que muitas vezes, assistimos a espetáculos teatrais ditos clássicos – como os de William Shakespeare – que são uma “seca” autêntica, por terem textos massudos ou com passagens muito repetitivas. É importante ouvir a sabedoria dos entendedores da obra Shakespeariana, mas também temos que avançar com os nossos conceitos artístico-teatrais. Pois nas palavras sábias de William Shakespeare “aceita o conselho dos outros, mas nunca desistas da tua própria opinião.”
Atualmente, muitas peças de Shakespeare são encenadas numa perspetiva contemporânea. Até já se adaptou, e bem, em livros algumas obras para o universo infantil. Julgo ser muito pertinente adaptar ao palco, clássicos de Shakespeare para o público infantil. É uma forma bastante enriquecedora das crianças experienciarem o teatro do maior autor da dramaturgia contemporânea ocidental. Ao menos vão ficando com uma ideia sobre estas histórias que têm encantado a humanidade.
Infelizmente, na Madeira, assistimos há uma quase total ausência da representação teatral das peças de William Shakespeare, pelos grupos locais. Só aparecem no palco, ocasionalmente. E na Madeira temos uma razão acrescida para conhecermos bem e levarmos à cena as peças de William Shakespeare, pois este dramaturgo referiu na sua obra o nosso precioso vinho Madeira, como podemos constatar na peça “Henrique IV” onde Falstaff é acusado de trocar a sua alma por uma perna de frango e um cálice de vinho da Madeira.
No entanto, as comemorações dos 400 anos da morte de William Shakespeare não foram esquecidas em Portugal, pois entre outras iniciativas, numa parceria entre o Teatro Nacional D. Maria II, e o Teatro Municipal São Luiz, realizou-se um festival Shakespeare, denominado “Glorioso Verão”, entre 8 julho e 13 agosto.  Neste evento apresentaram-se diversos espetáculos a partir da obra de Shakespeare, ocupando diversas salas, mas também o espaço público da cidade.
A obra de Shakespeare também está, artisticamente, consagrada no cinema, como nos seguintes casos: “Romeo and Juliet” de Franco Zeffirelli; “Hamlet” de Laurence Olivier; “Macbeth” de Roman Polanski; “King Lear” de Peter Brook, entre outros.
Apraz-me esta ideia de em pleno século XXI continuarmos a realizar espetáculos, a partir da imemoriável obra de Shakespeare que morreu há 400 anos e que continua ”bem vivo”. Os temas shakespearianos continuam a agradar tanto a profissionais como a amadores porque são muito estimulantes, até para outras linguagens artísticas além do teatro, como a televisão, cinema, a ópera e literatura.
A grandeza dos textos de Shakespeare, tanto no teatro como na poesia, empela as pessoas a revisitar, esporadicamente, a sua obra. Temas tão ligados a essência do ser humano como a traição, o amor, a paixão, a vingança, o poder, o ódio, etc., serão eternos. Por isso é que importa conhecer o teatro e a poesia de William Shakespeare, para gozo próprio – estético ou outro – e aumentar assim a nossa cultura geral através do conhecimento destas obras. Para finalizar, deixo-vos com uma frase de William Shakespeare, que aprecio imenso: “O mundo inteiro é um palco, e todos os homens e todas as mulheres são apenas atores.”

As Artes nas Atividades de Enriquecimento Curricular

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Já que estamos às portas de iniciar um novo ano letivo, que tal, debruçarmo-nos um pouco sobre a importância das artes nas atividades de enriquecimento curricular das nossas crianças e jovens?
À partida, ninguém tem dúvidas que, na escola atual as atividades de enriquecimento curricular são um pertinente contributo para o sucesso educativo. Pois, qualquer atividade pedagógica quando bem implementada, contribui para o desenvolvimento cognitivo, pessoal, social, artístico, físico e cultural das crianças e jovens. Que, como sabemos, alguns estudantes, além da escola, não têm outra possibilidade de experienciar uma atividade artística ou desportiva, por exemplo.
A escola em conjunto com os atores da aprendizagem – que são os alunos – deve construir através da atividades de enriquecimento curricular, projetos pedagógicos eficazes que promovam o gosto por aprender. Os estudantes envolvidos numa atividade extracurricular, por gosto e não por imposição dos encarregados de educação, são alunos mais felizes e assim melhoram o rendimento escolar.
Mas, infelizmente, ainda temos alguns docentes em pleno século XXI, que não são apologistas das atividades extracurriculares. Não entendem que o facto das atividades extracurriculares, serem uma opção consciente e livre dos alunos e respetivos encarregados de educação, são, igualmente, um bom contributo para as disciplinas do currículo obrigatório, tendo em consideração que trás efeitos benéficos para o desenvolvimento e bem-estar das crianças e dos adolescentes. Ainda deparamos com situações, no meu entender, antieducativas, quando um aluno tem um nível negativo a uma determinada disciplina, a primeira medida – (anti)pedagógica -, é prepor a retirada do mesmo aluno das atividades extracurriculares. Como se isso fosse uma solução para o problema. Quando muitas das vezes é nos espaços de atividades extracurriculares que o aluno se sente motivado para os assuntos académicos e não para assuntos divergentes ao espaço escolar.
Além demais, diversos estudos confirmam que os alunos que praticam atividades de enriquecimento curricular, como as áreas artísticas e desportivas, podem melhorar o desempenho nas disciplinas regulares. Ao escolherem um atividade extracurricular, estão a ter uma atitude autónoma e a serem mais responsáveis pelo desenvolvimento da própria aprendizagem que é transversal a todas as áreas do conhecimento. Há que não esquecer que também, por vezes, no decorrer das atividades até se descobrem talentos ligados às expressões artísticas, desportivas, entre outras áreas.
Por experiência de docente, acredito que os alunos que estão envolvidos em atividades extracurriculares andam mais motivados e isso contribui também para conseguirem resultados escolares favoráveis. Pois as atividades extracurriculares são uma mais valia e não um estorvo para a aprendizagem. Obviamente que sou contra a ocupação excessiva dos alunos com atividades extracurriculares, quando as mesmas prejudicam o tempo necessário para os fazeres escolares ou o tempo imprescindível para estar em família. É verdade que não devemos subcarregar os alunos com atividades extra curriculares, mas ao menos uma – artística ou desportiva – é certamente um benefício para melhorar a autoestima e contribuir para o sucesso escolar.
Na verdade, nas nossas escolas existe um leque larguíssimo de áreas que são desenvolvidas no contexto das atividades extracurriculares, tais como: teatro, música, dança, artes circenses, xadrez, línguas estrangeiras, desporto, culinária, novas tecnologias, entre outras tantas temáticas que contribuem e de que maneira para um melhor desempenho escolar. Bem hajam as escolas que dispõem de uma adequada oferta de atividades de enriquecimento do currículo para os seus alunos. Pois as “atividades extracurriculares são consideradas como parte integrante da responsabilidade de uma escola, para proporcionar uma educação equilibrada (…)” (Shulruf, Tumen & Tolley, 2008).
As atividades extracurriculares contribuem para que o currículo dos alunos seja mais enriquecedor e holístico. E também dão projeção à escola, abrindo-a cada vez mais à comunidade envolvente. Mas para isso ser uma realidade, devem apresentar-se resultados práticos à comunidade em forma de espetáculos, eventos desportivos, exposições, oficinas abertas, encontros, festivais. E até convidar-se outras escolas a apresentar as suas propostas desenvolvidas nos seus espaços.
O facto de os alunos serem acompanhados e até elogiados pelos pais e comunidade nas suas atividades, onde mostram o que são capazes de fazer, torna-os em alunos mais motivados, o que se refletirá em melhores resultados nos estudos.
Por vezes, há a ideia que a escola atual dá mais importância às disciplinas de Línguas e de Matemática, por exemplo, e que a área das expressões artísticas fica votada para um segundo plano, ou em grande parte, desenvolvida, somente, nas atividades de enriquecimento curricular. Mas é bom que se entenda que o interesse dos alunos pela prática de uma área artística, dentro ou fora do âmbito de atividades extracurriculares contribuirá certamente para termos alunos mais felizes e até alcançarem êxito em todo o processo de ensino-aprendizagem.
Uma escola dinâmica, aposta na oferta variada de atividades de enriquecimento curricular – nomeadamente nas expressões artísticas – que contribui para o integral desenvolvimento dos alunos e aumenta a responsabilidade dos mesmos perante os valores escolares e da comunidade.
Conjuntamente, pais, professores, escola e comunidade devem criar condições favoráveis que possam incentivar as crianças e jovens a investir nos tempos extracurriculares em vez de ficarem, normalmente, em casa presos à televisão ou às redes sociais. Até sua santidade o “Papa Francisco desafia jovens a sair do sofá” (https://funchalnoticias.net/2016/08/03/papa-francisco-desafia-jovens-a-sair-do-sofa/)

quinta-feira, 9 de agosto de 2018


Ocupação dos Tempos Livres com Arte

Atualmente, são vários os programas de ocupação de tempos livres, organizados pelos municípios, juntas de freguesias e associações culturais e desportivas, que as crianças e os jovens têm à sua inteira disposição. Haja realmente interesse, disponibilidade temporal e financeira.
Na verdade, os participantes em projetos de ocupação de tempos livres são também uma mais-valia para toda a comunidade. Pois as crianças e jovens envolvidos nestas atividades criativas, concebem fortes laços de amizade, desenvolvem capacidades e competências pessoais e sociais, adquirindo desta forma novos conhecimentos que os vai ajudar a criar bases mais consistentes para a vida.
Perante a lei, um “Programa de Ocupação de Tempos Livres, visa proporcionar aos jovens experiências em contexto de aprendizagem não-formal ou em contexto ativo de trabalho, permitindo desenvolver capacidades e competências e contribuindo para uma ocupação dos tempos livres de forma saudável.”  
Um pouco por toda a ilha da Madeira, há programas riquíssimos em áreas tão diversas como: ambiente, apoio a idosos e à infância; cultura; arte; associativismo; desporto; direitos dos animais; cidadania;  entre outros de reconhecido interesse.
Os pais, à partida, procuram inserir os seus filhos em ateliers ou campos de férias porque sabem que estes espaços são para os seus educandos, momentos enriquecedores, exclusivos, fantásticos e memoráveis! É também nestes espaços que as crianças e os adolescentes “crescem”, ganham maturidade e até de uma forma positiva, digamos que, por uns bons tempos, “cortam o cortam umbilical” com os seus progenitores.
Durante as férias escolares há que ocupar as crianças e jovens, longe dos telemóveis, dos computadores e da televisão, procurando sempre locais seguros, com iniciativas ao ar livre de preferência, em contacto com a natureza, envolvidos com algo que os espevite a criatividade.
Sempre que possível, há que quebrar a rotina no período das férias de verão e proporcionar aos mais novos um conjunto de diferentes experiências artísticas e desportivas, onde eles possam, de uma forma descontraída, jogar, brincar e experimentar.
É com estas boas práticas lúdico-pedagógicas que vão desenvolver competências como a curiosidade artística, gosto pela prática desportiva, a autodisciplina, a autoestima, a responsabilidade, a cidadania, a organização e cooperação em equipa.
Também, fruto do envelhecimento do nosso país, já começámos a ver no mercado, projetos de ocupação de tempos livres para seniores, muito à semelhança dos programas para crianças e jovens. Obviamente que, para estas classes etárias, os programas devem ser bem pensados e adequados com atividades artísticas e físicas que lhes proporcionem uma melhor qualidade de vida.
Se, por acaso, têm crianças ou jovens à vossa responsabilidade, faça-os sair um pouco do ambiente caseiro – onde passam, muitas das vezes, horas e horas prostrados no sofá. Ou então, peçam que deixem de lado, por um tempinho, os telemóveis e que optem pela companhia de um bom livro, em papel e que toquem-no, cheirem-no e leio-o. O ler  bem e com consciência é um ótimo caminho para a descoberta de novos saberes e acesso a outras competências. Pois nas sábias palavras do nosso grande ensaísta, pensador e escritor, Eduardo Lourenço - com 93 anos e em plena atividade -, “os livros têm todos uma cor, uma música, um sabor até.”
 Por vezes há uma tendência de se ter sempre por perto os nossos filhos, o que é normal, mas é fundamental inseri-los em projetos coletivos, mesmo de curta duração, que lhes proporcionem experiências de contato com outras realidades quotidianas. É desta forma responsável que vão abrir novos horizontes e aprenderem a ter até uma boa gestão do seu tempo livre.
A participação nas atividades devem ser pensadas com as crianças e os jovens. Pois eles, também, devem ter uma opinião sobre como querem ocupar os seus tempos livres. E devemos ouvi-los e apoia-los a partir dos seus interesses, dentro das nossas possibilidades. O importante é que estejam ocupados com algo útil para o sucesso - já que o sucesso trabalha-se. Pois “…a voz das crianças deve ser ouvida e tida em conta em todos os assuntos que se relacionem com os seus direitos.” Fonte : http://www.unicef.pt/artigo.php?mid=18101111.
As crianças e jovens envolvidos em práticas de lazer para além das aprendizagens realizadas na escola, desperta-os para interesses pelo conhecimento e pela cul­tura. E assim, estamos a contribuir para o pleno e harmonioso desenvolvimento da sua personalidade.
Pois qualquer criança “… deve ter plena oportunidade para brincar e para se dedicar a atividades recreativas, que devem ser orientados para os mesmos objetivos da educação; a sociedade e as autoridades públicas deverão esforçar-se por promover o gozo destes direitos.” Fonte: Declaração dos Direitos da Criança, Princípio 7.º.
Sabemos que é inevitável e até necessária a envolvência das novas tecnologias na vida dos nossos filhos. E a ideia não é excluir os jogos eletrónicos ou restringir o acesso das crianças e dos jovens à internet, mas sim ter consciência e cultura lúdica e criativa na ocupação dos tempos livres. Pois uma adequada ocupação dos tempos livres é uma verdadeira arte da sabedoria, até diria prioritária para o desenvolvimento integral e harmónico das crianças e dos jovens. 

Arte Terapia

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Vivemos numa época tão apressada, no meio da globalização e com uma nova cultura digital, aliada à evolução tecnológica quase diária que ajuda e afeta a nossa vida. Mas, também vivemos com uma grande carga de stress e ansiedade que influência o nosso melhor desempenho nas ações que realizamos. Daí a importância e a necessidade de recorrermos a diversos contributos de ajuda mental e física para o nosso bem-estar.
Várias são a atividades desportivas e artísticas que atuam de certa forma ao serviço da saúde – nomeadamente no combate ao stress, à depressão, a ansiedade. Com estas áreas trabalhamos situações agradáveis para o corpo e o espirito.
Atualmente, existe um leque alargado de atividades e intervenções artísticas para os diferentes públicos. E há também uma panóplia de ofertas artísticas direcionadas para um público sénior, normalmente desenvolvidas com as Universidades Seniores, com Centros de Dia e Comunitários. Mas até uma boa caminhada pelas levadas da Madeira – nas que apresentam segurança, que é algo que deveríamos ter mais em atenção, até em termos turísticos e também pelo facto das levadas da Madeira serem candidatas a património mundial da UNESCO – é uma ótima ação de “arte terapia” em pleno contacto com a natureza e o património. Ou mesmo um passeio pelos caminhos reais da Madeira pode ser um bom contributo terapêutico.
O universo da arte terapia que tem estado muito em voga nos últimos tempos e por vezes, infelizmente, até associado ou usado de forma desenquadrada dos seus reais objetivos. Pois a arte terapia deve ter por objetivo “promover corpo e mente saudáveis através da expressão artística (…), é uma prática terapêutica alternativa que recorre à criatividade e à imaginação enquanto libertador dos males físicos, psíquicos e emocionais. Simultaneamente lúdico, terapêutico e transformador (…).” (Fonte: http://bemtratar.com/artigos/arte-terapia-bem-estar-atraves-expressao-artistica).
Lamentavelmente, por vezes, deparamos com a prática de arte terapia a ser usada de forma inconveniente e até com batotas. É nestes casos que “a arte de agradar é a arte de enganar. (Luc de Clapliers Vauvenargues)”
É bom que se saiba que o mundo da arte terapia é para todos os interessados e não para artistas – mas estes, também devem participar e contribuir com as suas experiências. Os meios artísticos utilizados pela arte terapia são todos aqueles que conseguimos imaginar, desde: desenhar, pintar, esculpir, fotografar, modelar, recitar, escrever, representar, cantar, dançar, entre outros.
Entre outras artes, a música é uma das vertentes artísticas muito utilizadas nas sessões de arte terapia. Pois de acordo com a Federação Mundial de Musicoterapia (World Federation of Music Therapy) “a musicoterapia é a utilização da música e/ou dos seus elementos (som, ritmo, melodia e harmonia), por um musicoterapeuta qualificado, com um só indivíduo ou em grupo, num processo sistematizado, de forma a facilitar e a promover a comunicação, os relacionamentos, a aprendizagem, a mobilização, a expressão, a organização e outros objetivos terapêuticos relevantes, para satisfazer necessidades físicas, emocionais, mentais, sociais e cognitivas.”
Obviamente, que a arte na sua generalidade contribui para o desenvolvimento pessoal, de todos os envolvidos, recorrendo à criatividade e à imaginação.  No entanto, uma atividade de arte terapia, não tem por finalidade a criação de um objeto artístico. Esta área, quando bem pensada e aplicada, por pessoas competentes, pode ser claramente uma ação inclusiva, indicada para todas as idades, visto que promove, principalmente, o estar bem consigo e com os outros.
Para desenvolver-se a capacidade de ver e agir através de opções criativas, as artes são realmente uma boa aposta. E a arte terapia é uma intervenção onde se privilegia a expressão criativa a partir do grande universo das artes.
A definição de arte tem evoluído de acordo com as épocas e a cultura da sociedade. É um termo associado à técnica e à habilidade, alusiva à atividade artística ou ao produto da atividade artística. É o resultado da criação humana com valores estéticos, como a beleza, o equilíbrio, a harmonia. Enquanto a terapia pode ser a “arte de curar”, através da arte. Por isso, é que na arte terapia utiliza-se as manifestações artísticas sem nenhuma preocupação estética.
A arte terapia pode ser uma boa opção para uma “mente sã e corpo são”. O facto de estarmos envolvidos num processo criativo através da arte terapia bem orientando em todo o processo e justificado e não com um objetivo artístico, torna-se algo fundamental para o nosso bem-estar.
Não importa qual é a atividade de expressão artística que recorremos como base de arte terapia.  Nas palavras de Carl Gustav Jung “Arte é a expressão mais pura que há para a demonstração do inconsciente de cada um. É a liberdade de expressão, é sensibilidade, criatividade, é vida. ”
O fundamental é estarmos bem-dispostos e sentirmos as mais-valias no nosso dia a dia, com mais arte ou com menos arte terapêutica. A arte terapia numa perspetiva holística pode contribuir para ativar a mente; estimular a nossa criatividade; a produtividade; ajudar a aumentar os níveis de concentração e atenção; melhorar o nosso estado de espírito e de humor; reduzir os níveis de ansiedade e de stress. Em suma, uma verdadeira ação de arte terapia, que se preze, deve enriquecer a qualidade de vida dos seus intervenientes.

segunda-feira, 16 de julho de 2018

O Teatro como Disciplina de Educação Artística



Julgo que ninguém tem dúvidas que a educação através da arte é imprescindível para a formação integral das crianças e jovens, bem como para o exercício de uma cidadania plena. Assim já atuavam os gregos da antiguidade que deram às artes um papel de destaque na educação. A educação artística, como defende Alberto B. Sousa (2003), “proporciona uma equilibrada cultura geral, com vivências culturais no domínio das letras, das ciências e das artes, que levará a um melhor desenvolvimento da pessoa, no seu todo”.
Por isto, é que o Teatro como disciplina de educação artística, desempenha um papel importante na educação, uma vez que trabalha diferentes expressões: corporal, vocal, musical, escrita e plástica. E, obviamente, ajuda os alunos a desenvolverem competências nos domínios cognitivos, emocional, afetivo, pessoal, social, artístico e cultural. Também os alunos envolvidos num processo de Teatro-educação desenvolvem a confiança em si e nos outros, a capacidade de trabalhar em equipa, de desenvolver a oratória, a concentração, a memória, a dicção, a leitura e compreensão de textos (dramáticos, poéticos, contos, etc.), a respiração, a projeção, o estar em público, o falar em público, a criatividade, a capacidade de abstração, a escrita dramática criativa, o sentido estético e a aprendizagem dos códigos teatrais.
Mas em Portugal, infelizmente, verifica-se um desinvestimento do Teatro na educação por culpa dos vários governos de diferentes partidos. E isso é preocupante quando se fala cada vez mais na importância de trabalharmos a criatividade junto dos nossos alunos. Nas palavras de Sir Ken Robison “a escola mata a criatividade”. Interpreto estas palavras, quando a escola não oferece às crianças e aos jovens a oportunidade de terem uma experiência enriquecedora no universo da educação artística.
Numa época em que as crianças e jovens cada vez mais estão “reféns” das novas tecnologias, uma disciplina como o Teatro é um caminho para uma melhor socialização, para uma melhor aprendizagem individual e coletiva através da conceção de projetos de artes performativas dentro e fora da escola.
Pois apostar no Teatro na escola é apostar numa educação para a cidadania, com vivências diversificadas e num currículo que se deseja relevante e que estimule os diferentes tipos de conhecimento e formas de aprender. Ter uma experiência no Teatro-educação é ter consciência pedagógica e abertura para o mundo artístico que impele para a inovação. Nesta linha de pensamento está Peter Brook, ao afirmar que: “ O teatro é, para aquele que o faz, um exercício permanente. Representar, aceitar o desafio do jogo, é, assim, aceitar melhorar-se através do prazer, o que faz do teatro um instrumento fantástico da educação.”
Fazendo um enquadramento da educação artística na escola atual, com a introdução do Teatro/expressão dramática como disciplina curricular do Sistema Educativo Português, detetamos facilmente que a inclusão do Teatro na escola portuguesa tem sido feita de forma lenta e pouco sistemática.
Se repararmos, no 1.º Ciclo do Ensino Básico, a Expressão Dramática faz parte do currículo, mas é essencialmente desenvolvida no âmbito de Atividades de Enriquecimento Curricular ou com as expressões integradas.
No 2.º ciclo do Ensino Básico, não existe qualquer disciplina com ligação ao Teatro. No 3.º ciclo, existe a Oficina de Teatro, somente no 7.º e 8.ºanos, como opção de escola.

No Ensino Secundário, até já existiu a disciplina de Oficina de Expressão Dramática, mas entretanto terminou. No ensino profissional, existem cursos de Teatro em poucas escolas. No entanto, como sabemos no nosso país existe várias instituições de ensino superior que oferecem cursos no campo das artes do espetáculo, então porque não existir um curso de artes do espetáculo no ensino secundário, dirigido a alunos que quisessem seguir estudos superiores na área artística?
O Teatro ao serviço da educação dá ao estudante o ensejo de valorizar-se, de integrar-se harmoniosamente no grupo, aumentando o senso de responsabilidade e o sucesso do trabalho. “Não há dúvida que o teatro pode ser um sitio muito especial” (Brook, 2008, p. 139) e a escola é certamente um sítio muito especial, para o florescimento do Teatro-educação.
Ainda à volta da implementação do Teatro na educação em Portugal, mais recentemente, no ano letivo 2012-2013 foi lançada uma discussão pública sobre a educação artística no currículo e sem se conhecer os vários contributos individuais e coletivos, avançou-se, logo com uma nova revisão curricular - Decreto-Lei n.º 139/2012, de 5 de julho -, onde se constata logo que a educação artística diminuiu a sua presença no currículo, nomeadamente no que diz respeito à disciplina de Teatro.
A verdade é que no currículo anterior os alunos do 7.º e 8.º ano tinham, semestralmente, apenas duas disciplinas de educação artística: Educação visual e outra a definir por cada escola (Teatro, Dança, Música, etc.) e no 9.º ano, podiam ter, anualmente, apenas uma disciplina de educação artística: Educação Visual ou Educação Tecnológica ou oferta de escola. Já com a entrada em vigor do novo Decreto-Lei n.º 139/2012 a disciplina de oferta de escola passou a ser de natureza artística ou tecnológica e deixou de existir – lamentavelmente – no 9.º ano. Não se compreende como é que em pleno século XXI os alunos de 9.º ano, por exemplo, não podem frequentar mais do que uma disciplina de educação artística, nem possam ter a opção de escolha de uma área artística, que vá mais ao encontro dos seus gostos.
É com muita mágoa que vejo que pouquíssimas escolas no nosso país disponibilizam aos seus alunos a disciplina de Teatro. No caso da Madeira, só a Escola Básica e Secundária da Ponta do Sol oferece aos alunos a opção da disciplina de Teatro. 
Bendita a hora que o conselho pedagógico da Escola Básica e Secundária da Ponta do Sol deliberou oferecer a opção de Teatro como disciplina de educação artística para o 3º ciclo do ensino básico a parir do ano letivo 2003-2004. É de salientar que esta escola foi pioneira - e atualmente única -, na ilha da Madeira a ter o Teatro como disciplina de educação artística.
Assim, muitas crianças e jovens têm viajado como artenautas pelo mundo do Teatro; fazendo desta arte um complemento essencial na sua formação pessoal, artística e cultural.
Legalmente, qualquer escola do 3.º ciclo, de acordo com o seu projeto educativo pode oferecer o Teatro como disciplina de educação artística aos alunos dos 7.ºs e 8.ºs anos.
Falta uma aposta clara e consistente nesta área artística. E não têm faltado estudos, eventos, que abonam em prol das artes na educação: Como a I Conferência Mundial sobre Educação Artística, organizada pela UNESCO, que aconteceu de 6 a 9 de Março de 2006 no Centro Cultural de Belém em Lisboa, surgiu o Roteiro para a Educação Artística, onde “propõe-se explorar o papel da Educação Artística na satisfação da criatividade e de consciência cultural no século XXI, especialmente sobre as estratégias necessárias à introdução ou promoção da Educação Artística no contexto de aprendizagem”. Na Madeira realiza-se anualmente um congresso de educação artística, organizado pela Direção de Serviços de Educação Artística e Multimédia que tem realçado a importância da educação artística como um lugar central e permanente em todo o currículo. O que tem faltado realmente é a vontade política.
Oxalá que os nossos decisores políticos entendam, de uma vez por todas, que a educação artística, nomeadamente o Teatro, é uma área de grande interesse pedagógico que promove o desenvolvimento integral e harmonioso dos alunos em todo o sistema educativo.
É urgente o teatro na escola. Tal como escreveu Redondo Júnior, estamos seguros que “A juventude pode salvar o teatro“, mas para que isso seja uma realidade é imprescindível criar-se no sistema educativo português, um grupo de recrutamento para a disciplina de Teatro. Porque sem professores com uma formação sólida na área teatral, jamais podemos falar no sucesso educativo através da arte. Insisto: Para quando o grupo disciplinar de Teatro? Deram-nos um número, o 900, que vale, nada! Enquanto não houver um verdadeiro “olhar pedagógico-artístico-cultural” e vontade política para se criar um grupo disciplinar de Teatro ou no mínimo criar e integrar o Teatro num grupo de artes performativas, ou de expressões artísticas, por exemplo, o Teatro como disciplina de Educação artística será sempre um parente pobre da educação artística em Portugal.
O Teatro-educação não tem como objetivo a formação de artistas, mas sim desenvolver qualidades criativas e estéticas, que contribuam para formar crianças e jovens mais dialogantes e criativos, capazes de aprenderem individualmente e em grupo. O Teatro é uma área artística que constrói conexões entre alunos, escola e comunidade envolvente.
De acordo com João Mota (2008, mencionado em Lopes, R. p. 208), “hoje fala-se mais em estarmos uns com os outros” e realmente no Teatro só é possível desenvolver-se boas práticas se tivermos bem definida esta relação de proximidade do Eu com o Outro.
A grande maioria das crianças e jovens têm os seus primeiros ou únicos contatos com o teatro através da escola. Por isso é que a escola deve ter uma atenção redobrada ao importante papel das artes e da cultura nas sociedades contemporâneas. Por isso, é que não podemos empurrar o Teatro-educação para um canto, mas promove-lo como uma área artística que visa a formação integral do indivíduo.

segunda-feira, 2 de abril de 2018

(Des)centralização cultural

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O tema da descentralização cultural continua sempre atual. Pois, regularmente, surgem novos problemas, novos desafios e até novos decisores políticos que trazem outras visões e conhecimentos, outras respostas criativas – ou não – com novas soluções para a área cultural.
 A verdade é que, numa ilha como a nossa é necessário ampliar a descentralização cultural em prol da eficiência dos recursos físicos e humanos e demais bens culturais de interesse público que existem, um pouco por toda a região.
Como sabemos uma cultura viva e criativa é importante para o desenvolvimento económico e muitas são as iniciativas culturais que acontecem um pouco por toda a ilha: nas cidades, nas vilas, nas freguesias, nas paróquias, nos sítios e nos bairros que contribuem, de certa forma, para “animar” a pequena economia local.
Não tenhamos dúvidas que a descentralização cultural com uma oferta de qualidade, diversificada e permanente, contribui para um público mais crítico e consumidor de cultura. Até a Constituição garante-nos o direito à cultura, bem como o direito à fruição cultural.
Daí, julgo que a responsabilidade do universo cultural deve ser partilhada e agilizada com os conhecedores de cada zona, desde os agentes culturais, os municípios, as universidades, as escolas, as fundações, as empresas, para além como é óbvio, os cidadãos também deve ser auscultados.
Os cidadãos devem ser sensibilizados para a importância das questões culturais desde muito cedo. Terá que existir uma maior articulação entre Direção Regional de Cultura e a Secretaria Regional de Educação de forma a se levar, ainda mais, a cultura às escolas, sensibilizando e formando os alunos como agentes ativos nos setores culturais, abrindo-lhes novos horizontes perante a região, o país e o mundo. Para termos uma cultura escolar de sucesso, há que dedicar total atenção ao modo como se educa desde o pré-escolar, ao ensino universitário. Julgo que a política pública da educação e cultura não deve ser pensada, somente, a curto prazo, ou com medidas avulsas consoante os ciclos políticos.
Falamos muito em descentralização cultural e na centralização cultural porque não se falar, debater afincadamente? Vejo zonas descentralizadas que, com muita luta, têm uma vida cultural intensa à volta de determinados eventos. É perfeitamente normal descentralizar a cultura! Mas também deve-se e muito à persistência de pequenas localidades que acreditam e levam à pratica várias iniciativas de índole cultural. Como o ciclo de concertos de Música nas Capelas da Ponta do Sol ou a Semana Cultural da Ilha, só para citar dois bons exemplos, entre outros tantos.
Também, por parte do atual governo, na Madeira, ultimamente, têm sido tomadas algumas medidas que vêm ao encontro da importância da descentralização cultural, como foi o caso da Festa da Flor, que este ano estendeu-se – e bem – a diversos municípios, numa proposta da Secretaria Regional da Economia, Turismo e Cultura. Mesmo tendo sido polémica a transferência do Museu de Arte Contemporânea que passou do Funchal para a Calheta, julgo que foi uma boa medida. Apesar de ter-se que dinamizar ainda melhor este espaço. Realça-se também o projeto da Direção Regional de Cultura “Capelas ao Luar” como uma mais valia para conhecer-se e valorizar-se o património regional, através de visitas guiadas e momentos musicais adequados a estes espaços.
Como Estreitense, também, gostava de ver um Museu da Vinha e do Vinho surgir no Estreito de Câmara de Lobos, pois esta freguesia é, como se sabe, o principal centro produtor de vinho da Madeira. Aliás, esta ideia museológica está nos planos da autarquia camarolebense, que até efetuou, no ano de 2014, o registo da marca “Estreito de Câmara de Lobos, Terra de Vinho”.
Efetivamente, ao longo dos anos, têm surgindo alguns espaços culturais interessantíssimos que apesar de ficarem afastados da capital madeirense, vão apresentando esporadicamente à comunidade, atividades de interesse cultural e artístico, como Centro Cultural John dos Passos ou o Cívico do Estreito de Câmara de Lobos.
Importa fazer bem um estudo antes de se avançar com novos projetos culturais, que por vezes, até não são assim tão originais, mas mais do mesmo que já existe. Daí ser fundamental criar-se parcerias que são um bom investimento e desta forma inteligente, não se fere ou estraga projetos semelhantes que já estão no terreno. Por vezes, nota-se uma fome de protagonismo que não é saudável para a cultura. Importante é que os agentes e as associações culturais tenham iniciativas, de forma livre, sem estarem totalmente dependentes ou sobre o controle apertado do setor público.
Os grupos e agentes culturais que usufruem de apoios públicos deveriam preocupar-se mais em levar os seus espetáculos a vários espaços na região, de forma a descentralizar a oferta cultural, de uma maneira consciente e organizada. A democratização e descentralização cultural são necessárias para a formação de um público crítico e consumidor de cultura.
A descentralização cultural visa garantir aos cidadãos o pleno exercício dos direitos culturais, como o acesso à música, à literatura, às artes visuais, ao cinema, ou ao teatro, além de apoiar iniciativas de valorização da cultura popular. Os mecenas também devem fazer um esforço para apoiarem iniciativas culturais que incidam nas zonas mais desfavorecidas culturalmente.
Urge melhorar a rede de bibliotecas da região autónoma da Madeira e ampliar o acervo das mesmas, pois algumas têm as prateleiras abarrotadas de livros na sua maioria antigos e para piorar a situação, raramente atualizam-se. Descentralizar a cultura passa também pelo construir, modernizar e não esquecer a manutenção dos espaços culturais que degradam-se com o tempo e mau uso – ou abuso. Descentralizar a cultura é apostar na formação de públicos, envolvendo-os com os outros e a sua comunidade. Apostar na circulação de atividades artísticas e culturais que valorizem a memória e a identidade local. ”O conceito de «património cultural imaterial» abrange as práticas, representações, expressões, conhecimentos e aptidões tradicionalmente reconhecidos pelas comunidades como fazendo parte do respectivo património cultural, bem como os instrumentos, objectos, artefactos e espaços culturais a eles associados.” Fonte: http://www.direitosedeveres.pt/.
Cada comunidade deve procurar elevar-se e dar-se a conhecer com as suas diversidades culturais, os  seus costumes as suas tradições. Pois a cultura vai desde o que se herda ao que se conquista e cria-se dia a dia. E só com uma sociedade mais culta é que podemos melhorar a democracia e a autonomia.
                                                                                                                            |Zé Abreu