quinta-feira, 9 de agosto de 2018


Ocupação dos Tempos Livres com Arte

Atualmente, são vários os programas de ocupação de tempos livres, organizados pelos municípios, juntas de freguesias e associações culturais e desportivas, que as crianças e os jovens têm à sua inteira disposição. Haja realmente interesse, disponibilidade temporal e financeira.
Na verdade, os participantes em projetos de ocupação de tempos livres são também uma mais-valia para toda a comunidade. Pois as crianças e jovens envolvidos nestas atividades criativas, concebem fortes laços de amizade, desenvolvem capacidades e competências pessoais e sociais, adquirindo desta forma novos conhecimentos que os vai ajudar a criar bases mais consistentes para a vida.
Perante a lei, um “Programa de Ocupação de Tempos Livres, visa proporcionar aos jovens experiências em contexto de aprendizagem não-formal ou em contexto ativo de trabalho, permitindo desenvolver capacidades e competências e contribuindo para uma ocupação dos tempos livres de forma saudável.”  
Um pouco por toda a ilha da Madeira, há programas riquíssimos em áreas tão diversas como: ambiente, apoio a idosos e à infância; cultura; arte; associativismo; desporto; direitos dos animais; cidadania;  entre outros de reconhecido interesse.
Os pais, à partida, procuram inserir os seus filhos em ateliers ou campos de férias porque sabem que estes espaços são para os seus educandos, momentos enriquecedores, exclusivos, fantásticos e memoráveis! É também nestes espaços que as crianças e os adolescentes “crescem”, ganham maturidade e até de uma forma positiva, digamos que, por uns bons tempos, “cortam o cortam umbilical” com os seus progenitores.
Durante as férias escolares há que ocupar as crianças e jovens, longe dos telemóveis, dos computadores e da televisão, procurando sempre locais seguros, com iniciativas ao ar livre de preferência, em contacto com a natureza, envolvidos com algo que os espevite a criatividade.
Sempre que possível, há que quebrar a rotina no período das férias de verão e proporcionar aos mais novos um conjunto de diferentes experiências artísticas e desportivas, onde eles possam, de uma forma descontraída, jogar, brincar e experimentar.
É com estas boas práticas lúdico-pedagógicas que vão desenvolver competências como a curiosidade artística, gosto pela prática desportiva, a autodisciplina, a autoestima, a responsabilidade, a cidadania, a organização e cooperação em equipa.
Também, fruto do envelhecimento do nosso país, já começámos a ver no mercado, projetos de ocupação de tempos livres para seniores, muito à semelhança dos programas para crianças e jovens. Obviamente que, para estas classes etárias, os programas devem ser bem pensados e adequados com atividades artísticas e físicas que lhes proporcionem uma melhor qualidade de vida.
Se, por acaso, têm crianças ou jovens à vossa responsabilidade, faça-os sair um pouco do ambiente caseiro – onde passam, muitas das vezes, horas e horas prostrados no sofá. Ou então, peçam que deixem de lado, por um tempinho, os telemóveis e que optem pela companhia de um bom livro, em papel e que toquem-no, cheirem-no e leio-o. O ler  bem e com consciência é um ótimo caminho para a descoberta de novos saberes e acesso a outras competências. Pois nas sábias palavras do nosso grande ensaísta, pensador e escritor, Eduardo Lourenço - com 93 anos e em plena atividade -, “os livros têm todos uma cor, uma música, um sabor até.”
 Por vezes há uma tendência de se ter sempre por perto os nossos filhos, o que é normal, mas é fundamental inseri-los em projetos coletivos, mesmo de curta duração, que lhes proporcionem experiências de contato com outras realidades quotidianas. É desta forma responsável que vão abrir novos horizontes e aprenderem a ter até uma boa gestão do seu tempo livre.
A participação nas atividades devem ser pensadas com as crianças e os jovens. Pois eles, também, devem ter uma opinião sobre como querem ocupar os seus tempos livres. E devemos ouvi-los e apoia-los a partir dos seus interesses, dentro das nossas possibilidades. O importante é que estejam ocupados com algo útil para o sucesso - já que o sucesso trabalha-se. Pois “…a voz das crianças deve ser ouvida e tida em conta em todos os assuntos que se relacionem com os seus direitos.” Fonte : http://www.unicef.pt/artigo.php?mid=18101111.
As crianças e jovens envolvidos em práticas de lazer para além das aprendizagens realizadas na escola, desperta-os para interesses pelo conhecimento e pela cul­tura. E assim, estamos a contribuir para o pleno e harmonioso desenvolvimento da sua personalidade.
Pois qualquer criança “… deve ter plena oportunidade para brincar e para se dedicar a atividades recreativas, que devem ser orientados para os mesmos objetivos da educação; a sociedade e as autoridades públicas deverão esforçar-se por promover o gozo destes direitos.” Fonte: Declaração dos Direitos da Criança, Princípio 7.º.
Sabemos que é inevitável e até necessária a envolvência das novas tecnologias na vida dos nossos filhos. E a ideia não é excluir os jogos eletrónicos ou restringir o acesso das crianças e dos jovens à internet, mas sim ter consciência e cultura lúdica e criativa na ocupação dos tempos livres. Pois uma adequada ocupação dos tempos livres é uma verdadeira arte da sabedoria, até diria prioritária para o desenvolvimento integral e harmónico das crianças e dos jovens. 

Arte Terapia

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Vivemos numa época tão apressada, no meio da globalização e com uma nova cultura digital, aliada à evolução tecnológica quase diária que ajuda e afeta a nossa vida. Mas, também vivemos com uma grande carga de stress e ansiedade que influência o nosso melhor desempenho nas ações que realizamos. Daí a importância e a necessidade de recorrermos a diversos contributos de ajuda mental e física para o nosso bem-estar.
Várias são a atividades desportivas e artísticas que atuam de certa forma ao serviço da saúde – nomeadamente no combate ao stress, à depressão, a ansiedade. Com estas áreas trabalhamos situações agradáveis para o corpo e o espirito.
Atualmente, existe um leque alargado de atividades e intervenções artísticas para os diferentes públicos. E há também uma panóplia de ofertas artísticas direcionadas para um público sénior, normalmente desenvolvidas com as Universidades Seniores, com Centros de Dia e Comunitários. Mas até uma boa caminhada pelas levadas da Madeira – nas que apresentam segurança, que é algo que deveríamos ter mais em atenção, até em termos turísticos e também pelo facto das levadas da Madeira serem candidatas a património mundial da UNESCO – é uma ótima ação de “arte terapia” em pleno contacto com a natureza e o património. Ou mesmo um passeio pelos caminhos reais da Madeira pode ser um bom contributo terapêutico.
O universo da arte terapia que tem estado muito em voga nos últimos tempos e por vezes, infelizmente, até associado ou usado de forma desenquadrada dos seus reais objetivos. Pois a arte terapia deve ter por objetivo “promover corpo e mente saudáveis através da expressão artística (…), é uma prática terapêutica alternativa que recorre à criatividade e à imaginação enquanto libertador dos males físicos, psíquicos e emocionais. Simultaneamente lúdico, terapêutico e transformador (…).” (Fonte: http://bemtratar.com/artigos/arte-terapia-bem-estar-atraves-expressao-artistica).
Lamentavelmente, por vezes, deparamos com a prática de arte terapia a ser usada de forma inconveniente e até com batotas. É nestes casos que “a arte de agradar é a arte de enganar. (Luc de Clapliers Vauvenargues)”
É bom que se saiba que o mundo da arte terapia é para todos os interessados e não para artistas – mas estes, também devem participar e contribuir com as suas experiências. Os meios artísticos utilizados pela arte terapia são todos aqueles que conseguimos imaginar, desde: desenhar, pintar, esculpir, fotografar, modelar, recitar, escrever, representar, cantar, dançar, entre outros.
Entre outras artes, a música é uma das vertentes artísticas muito utilizadas nas sessões de arte terapia. Pois de acordo com a Federação Mundial de Musicoterapia (World Federation of Music Therapy) “a musicoterapia é a utilização da música e/ou dos seus elementos (som, ritmo, melodia e harmonia), por um musicoterapeuta qualificado, com um só indivíduo ou em grupo, num processo sistematizado, de forma a facilitar e a promover a comunicação, os relacionamentos, a aprendizagem, a mobilização, a expressão, a organização e outros objetivos terapêuticos relevantes, para satisfazer necessidades físicas, emocionais, mentais, sociais e cognitivas.”
Obviamente, que a arte na sua generalidade contribui para o desenvolvimento pessoal, de todos os envolvidos, recorrendo à criatividade e à imaginação.  No entanto, uma atividade de arte terapia, não tem por finalidade a criação de um objeto artístico. Esta área, quando bem pensada e aplicada, por pessoas competentes, pode ser claramente uma ação inclusiva, indicada para todas as idades, visto que promove, principalmente, o estar bem consigo e com os outros.
Para desenvolver-se a capacidade de ver e agir através de opções criativas, as artes são realmente uma boa aposta. E a arte terapia é uma intervenção onde se privilegia a expressão criativa a partir do grande universo das artes.
A definição de arte tem evoluído de acordo com as épocas e a cultura da sociedade. É um termo associado à técnica e à habilidade, alusiva à atividade artística ou ao produto da atividade artística. É o resultado da criação humana com valores estéticos, como a beleza, o equilíbrio, a harmonia. Enquanto a terapia pode ser a “arte de curar”, através da arte. Por isso, é que na arte terapia utiliza-se as manifestações artísticas sem nenhuma preocupação estética.
A arte terapia pode ser uma boa opção para uma “mente sã e corpo são”. O facto de estarmos envolvidos num processo criativo através da arte terapia bem orientando em todo o processo e justificado e não com um objetivo artístico, torna-se algo fundamental para o nosso bem-estar.
Não importa qual é a atividade de expressão artística que recorremos como base de arte terapia.  Nas palavras de Carl Gustav Jung “Arte é a expressão mais pura que há para a demonstração do inconsciente de cada um. É a liberdade de expressão, é sensibilidade, criatividade, é vida. ”
O fundamental é estarmos bem-dispostos e sentirmos as mais-valias no nosso dia a dia, com mais arte ou com menos arte terapêutica. A arte terapia numa perspetiva holística pode contribuir para ativar a mente; estimular a nossa criatividade; a produtividade; ajudar a aumentar os níveis de concentração e atenção; melhorar o nosso estado de espírito e de humor; reduzir os níveis de ansiedade e de stress. Em suma, uma verdadeira ação de arte terapia, que se preze, deve enriquecer a qualidade de vida dos seus intervenientes.