domingo, 31 de julho de 2016

Tributo à cultura de proximidade




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Numa sociedade em permanente e apressada mudança, como é o caso da nossa, cada vez faz mais sentido, apostar numa cultura que aproxime, efetivamente, as pessoas. E se há uma área que está intrinsecamente ligada a cada um de nós, essa área é, sem margens para dúvidas, a cultura.
O campo da cultura tem sido, muitas vezes, visto como um parente pobre, nas diferentes áreas que nos movem, por ser alvo de um fraquíssimo investimento, por parte dos sucessivos governos, dos diversos quadrantes políticos. No entanto, falamos cada vez mais em cultura e isso, é um bom indício, para este início do século.
Não me oponho ao desenvolvimento tecnológico, que avança a toda a velocidade sobre as nossas vidas, pois é necessário e é também fruto do desenvolvimento cultural. Oponho-me sim, ao abandono da cultura popular, das tradições, nos nossos pequenos territórios, em prol, muitas vezes, do aglomerado de atividades culturais nos grandes centros, relegando para um segundo plano o restante da população.
A cultura é o veículo que mais nos aproxima, seja numa pequena terra, numa região, num país ou na europa. Por isso é que as pessoas devem estar no centro dos acontecimentos culturais que surgem nas suas comunidades, fazendo-as acreditar e avançar para abertura de novos horizontes.
Colocar projetos artístico-culturais em andamento, de forma organizada e de preferência em estreita cumplicidade com as comunidades locais, é um excelente contributo para alavancar a pequena economia das diferentes freguesias da Madeira. Não fazer nada, é que está errado. Há que dar o primeiro passo, fazer com os meios que temos ao nosso alcance, porque, com pequenas ideias, geram-se grandes ideias.
Hoje e futuramente, há que continuar a trabalhar de forma unida, para que os aspetos culturais da nossa região, não sejam um circuito fechado, mas alvo de um debate aberto, com os agentes e estruturas culturais de todos os municípios.
Oxalá, que a cultura continue a ser uma viagem de conquista, pela região, pelo país, pela europa, pela lusofonia e pelo mundo, tal como foi a bravura dos descobridores portugueses, que partiram “por mares nunca de antes navegados” Camões (2010, p.5).
Para que a cultura seja realmente uma presença sólida nas nossas vidas, temos que ser uns verdadeiros aliados culturais, que se interessam em conhecer todas as potencialidades existentes, nos diversos locais da região. O maior recurso que temos é o cultural, pois esse não se esgota, quando é tratado convenientemente, pelo contrário, ele cresce, transforma-se e transforma tudo à sua volta. Como sabemos, a cultura não é um entrave ao progresso, mas sim um caminho seguro e frutífero para a criatividade, a comunicação e o conhecimento. Ao impulsionarmos a cultura estamos a sair do marasmo que ainda persiste em muitos locais e a contribuir para a progressão das comunidades.
É necessário uma ilha inteira para sensibilizar, formar e educar culturalmente cada cidadão de forma consistente e organizada. Porém, estou convicto que ainda falta percorrer um longo caminho. Mas só o facto de sabermos que existe um caminho que nos pode levar a bom porto, vale a pena caminhar.
Incentivar o aparecimento de diversos projetos no campo das indústrias culturais e criativas, na Madeira, é também apostar no crescimento económico, social e turístico. A oferta cultural deverá ser sempre uma aposta, seja em tempos de crise como este, que ainda passamos, seja em tempos de “vacas gordas”.
Em todo o lado existe cultura, até nos pequenos sítios há um potencial cultural por explorar, que pode contribuir para um melhor conhecimento das identidades e culturas regionais. Não podemos ficar indiferentes à cultura que é uma marca da liberdade de criação e expressão de cada povo. A cultura é a marca que deixámos, onde estamos e por onde passamos.
Precisámos de uma política cultural na região que defina prioridades e que considere oportuna a participação de todos os intervenientes locais, como estratégia de desenvolvimento de qualquer localidade. Pois, é a cultura que dá-nos resiliência, significado, solidez e projeção local, nacional e internacional.
Em suma, não é possível estudar, conhecer e valorizar os cidadãos de cada região, de cada país, da europa, do mundo, abstraindo-se das especificidades culturais de cada localidade. 
2016-07-31 | Zé Abreu