quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

As Artes nas Atividades de Enriquecimento Curricular

wpid-icon-ze-abreu.png
Já que estamos às portas de iniciar um novo ano letivo, que tal, debruçarmo-nos um pouco sobre a importância das artes nas atividades de enriquecimento curricular das nossas crianças e jovens?
À partida, ninguém tem dúvidas que, na escola atual as atividades de enriquecimento curricular são um pertinente contributo para o sucesso educativo. Pois, qualquer atividade pedagógica quando bem implementada, contribui para o desenvolvimento cognitivo, pessoal, social, artístico, físico e cultural das crianças e jovens. Que, como sabemos, alguns estudantes, além da escola, não têm outra possibilidade de experienciar uma atividade artística ou desportiva, por exemplo.
A escola em conjunto com os atores da aprendizagem – que são os alunos – deve construir através da atividades de enriquecimento curricular, projetos pedagógicos eficazes que promovam o gosto por aprender. Os estudantes envolvidos numa atividade extracurricular, por gosto e não por imposição dos encarregados de educação, são alunos mais felizes e assim melhoram o rendimento escolar.
Mas, infelizmente, ainda temos alguns docentes em pleno século XXI, que não são apologistas das atividades extracurriculares. Não entendem que o facto das atividades extracurriculares, serem uma opção consciente e livre dos alunos e respetivos encarregados de educação, são, igualmente, um bom contributo para as disciplinas do currículo obrigatório, tendo em consideração que trás efeitos benéficos para o desenvolvimento e bem-estar das crianças e dos adolescentes. Ainda deparamos com situações, no meu entender, antieducativas, quando um aluno tem um nível negativo a uma determinada disciplina, a primeira medida – (anti)pedagógica -, é prepor a retirada do mesmo aluno das atividades extracurriculares. Como se isso fosse uma solução para o problema. Quando muitas das vezes é nos espaços de atividades extracurriculares que o aluno se sente motivado para os assuntos académicos e não para assuntos divergentes ao espaço escolar.
Além demais, diversos estudos confirmam que os alunos que praticam atividades de enriquecimento curricular, como as áreas artísticas e desportivas, podem melhorar o desempenho nas disciplinas regulares. Ao escolherem um atividade extracurricular, estão a ter uma atitude autónoma e a serem mais responsáveis pelo desenvolvimento da própria aprendizagem que é transversal a todas as áreas do conhecimento. Há que não esquecer que também, por vezes, no decorrer das atividades até se descobrem talentos ligados às expressões artísticas, desportivas, entre outras áreas.
Por experiência de docente, acredito que os alunos que estão envolvidos em atividades extracurriculares andam mais motivados e isso contribui também para conseguirem resultados escolares favoráveis. Pois as atividades extracurriculares são uma mais valia e não um estorvo para a aprendizagem. Obviamente que sou contra a ocupação excessiva dos alunos com atividades extracurriculares, quando as mesmas prejudicam o tempo necessário para os fazeres escolares ou o tempo imprescindível para estar em família. É verdade que não devemos subcarregar os alunos com atividades extra curriculares, mas ao menos uma – artística ou desportiva – é certamente um benefício para melhorar a autoestima e contribuir para o sucesso escolar.
Na verdade, nas nossas escolas existe um leque larguíssimo de áreas que são desenvolvidas no contexto das atividades extracurriculares, tais como: teatro, música, dança, artes circenses, xadrez, línguas estrangeiras, desporto, culinária, novas tecnologias, entre outras tantas temáticas que contribuem e de que maneira para um melhor desempenho escolar. Bem hajam as escolas que dispõem de uma adequada oferta de atividades de enriquecimento do currículo para os seus alunos. Pois as “atividades extracurriculares são consideradas como parte integrante da responsabilidade de uma escola, para proporcionar uma educação equilibrada (…)” (Shulruf, Tumen & Tolley, 2008).
As atividades extracurriculares contribuem para que o currículo dos alunos seja mais enriquecedor e holístico. E também dão projeção à escola, abrindo-a cada vez mais à comunidade envolvente. Mas para isso ser uma realidade, devem apresentar-se resultados práticos à comunidade em forma de espetáculos, eventos desportivos, exposições, oficinas abertas, encontros, festivais. E até convidar-se outras escolas a apresentar as suas propostas desenvolvidas nos seus espaços.
O facto de os alunos serem acompanhados e até elogiados pelos pais e comunidade nas suas atividades, onde mostram o que são capazes de fazer, torna-os em alunos mais motivados, o que se refletirá em melhores resultados nos estudos.
Por vezes, há a ideia que a escola atual dá mais importância às disciplinas de Línguas e de Matemática, por exemplo, e que a área das expressões artísticas fica votada para um segundo plano, ou em grande parte, desenvolvida, somente, nas atividades de enriquecimento curricular. Mas é bom que se entenda que o interesse dos alunos pela prática de uma área artística, dentro ou fora do âmbito de atividades extracurriculares contribuirá certamente para termos alunos mais felizes e até alcançarem êxito em todo o processo de ensino-aprendizagem.
Uma escola dinâmica, aposta na oferta variada de atividades de enriquecimento curricular – nomeadamente nas expressões artísticas – que contribui para o integral desenvolvimento dos alunos e aumenta a responsabilidade dos mesmos perante os valores escolares e da comunidade.
Conjuntamente, pais, professores, escola e comunidade devem criar condições favoráveis que possam incentivar as crianças e jovens a investir nos tempos extracurriculares em vez de ficarem, normalmente, em casa presos à televisão ou às redes sociais. Até sua santidade o “Papa Francisco desafia jovens a sair do sofá” (https://funchalnoticias.net/2016/08/03/papa-francisco-desafia-jovens-a-sair-do-sofa/)

Sem comentários:

Enviar um comentário